A Cruz dos Anjos
A Cruz dos Anjos, encontra-se na Câmara Santa da Catedral de S. Salvador, em Oviedo.
Esta Cruz tem uma lenda: esta que o Ventor contou ao Quico e agora a mim. Pelos milénios, o Ventor tem visto cada coisa!
A Cruz dos Anjos
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Um dia. caminhava o Ventor por terras das Astúrias, corria o ano de oitocentos e qualquer coisa. Ia fazer uma visita ao, então, Rei das Astúrias, D. Afonso II, o Casto. O Ventor tinha viajado no seu velho cavalo Antar, desde Córdoba e sabendo numa tasca de Canga de Onis que Afonso II se tinha deslocado a França. para fazer uma visita a Carlos Magno, pensou dar uma olhada sobre as Montanhas da Cantábria e estudar a barreira natural por elas formadas para continuarem a obstacular as investidas sarracenas.
D. Afonso II, o Casto, tinha mudado a capital do reino para Oviedo e o Ventor sabia que D. Afonso II, queria uma Catedral em Oviedo e, com os seus arquitectos, planearam a arquitectura dessa catedral. Porém era bom que se aproveitassem as construções existentes, então, como a cripta de Santa Leocádia.
A Cripta de Santa Leocádia, dentro da catedral de S. Salvador de Oviedo
A construção da Catedral de Oviedo, levou cerca de três séculos.
Catedral de Oviedo tirada da wikipédia
Mas voltando à Cruz dos Anjos.
Quando D. Afonso II, o Casto, regressou de França de uma das suas visitas a Carlos Magno, vinha a pensar, como poderia fazer uma cruz para a sua futura nova Catedral, que ficasse como uma obra de referência para a posteridade. Ele sabia que a Cruz da Vitória que o nosso amigo Pelágio tinha usado na batalha de Covadonga tinha sido feita de carvalho e pensava que as Astúrias mereciam uma cruz que mostrasse ao mundo a sua grandeza, em Arte e em Fé.
Afonso II, o Casto, caminhava, lado a lado, com o Ventor, à sombra das árvores de um bosque, onde predominavam carvalhos, castanheiros e amieiros, desceram das montadas, sentaram-se numa pedra e, Afonso II disse ao Ventor, o que pensava fazer. Disse que a Cruz onde Cristo morreu, merecia uma nobre representação de ouro e pedras preciosas e seria essa cruz que devia representar a grandeza religiosa das Astúrias. Junto deles, por trás de umas rochas, acabavam de acordar dois peregrinos que ouviram parte da conversa e sabiam tratar-se de uma cruz com ouro e jóias. Dirigiram-se a D. Afonso II e ao Ventor e viram que se tratava do rei, fizeram a sua reverência e disseram ser artesãos com capacidade artística para fazer esse trabalho.
D. Afonso II olhou o Ventor que encolheu os ombros e sorriu. O rei observou os peregrinos e disse-lhes: "venham connosco e vamos tratar do assunto"! Seguiram e o rei, depois de muito pensar, fez o que os peregrinos lhe pediram. Um local isolado para trabalhar, a madeira, o ouro e as jóias e não queriam ser incomodados por ninguém, enquanto executassem a obra.
Em cima, a Cruz dos Anjos, em baixo, à esquerda a Cruz da Vitória e à direita, a caixa das ágatas
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O rei estava sempre a mandar os seus assistentes para verem o andamento dos trabalhos mas o local mantinha-se fechado. Por fim, julgando que tinha caído no conto do vigário, decidiu ir lá, não tivesse sido vigarizado por peregrinos ladrões. Ao chegar, verificou que a porta do local resplandecia luz e a cruz estava pronta tal como tinha sido combinado. Ao lado da Cruz estavam as roupas dos peregrinos. Os peregrinos tinham sido anjos e D. Afonso II, o Casto, mandou fazer dois anjos de ouro para ficarem sempre ao lado da Cruz. Foi esta segundo pensam os especialistas, a primeira obra de ouro e pedras preciosas realizada nas Astúrias.