Noé e a Barcaça
Como sabem, o meu amigo Ventor é homem de todos os TEMPOS! Ele diz-me que Noé era um homem de bem. Preocupava-se com os seus concidadãos era um empreendedor e justo na sua caminhada.
Noé fazia vários negócios e como devem calcular, não era fácil trabalhar naquele meio. As caminhadas eram longas e os negócios não eram feitos com produtos perecíveis, como hortaliças, ovos, leite, frutas ... O calor destruía tudo. Estes negócios cingiam-se a locais circunscritos e geograficamente muito pequenos. Isto já porque nessa altura os calores eram enormes, a água pouca e tirados alguns oásis a vida era difícil. Tudo isto por amor de Apolo! Apolo gostava muito de Adão e dos seus descendentes e tratava-os o melhor que podia. Daí dar-lhes muita luz e muito calor e depois as noites, mal Apolo virava costas, ficavam geladas e Diana não sabia que fazer na sua azáfama de ajudar e gritava para que Apolo chegasse depressa com os seus raios abrasadores. E tinha razões para se preocupar! Com os frios nocturnos, as pessoas matavam os animais para lhes tirar as peles e utilizá-las como agasalhos. Assim, Diana, pedia a Apolo para dar luz e calor para ajudar os humanos e também para ver se não ficava sem as suas coutadas de caça que todos os anos ficavam muito reduzidas. Então Apolo aparecia com a sua força abrasadora e esturricava tudo.
Apolo
Quando o Ventor criticava tanta generosidade, Apolo tapava os olhos com as costas das mãos para não ver a reacção do Ventor ou, então, metia os dois dedos indicadores nos ouvidos para não o ouvir. Tudo porque a generosidade de Apolo era muito grande e perdia-se no que fazia. Ele chegava a esturricar Diana, durante a noite, para ela reflectir a luz e o calor que ele lhe dava, para ser ela a distribuir, indirectamente, tudo isso, sobre a Terra. E ainda hoje faz isso!
Os homens que cresciam a olhos vistos, tinham uma vida difícil e começaram a sobreviver à custa de habilidades. Tal como hoje! Já nessa altura, se matavam pessoas por pequenos roubos cometidos para tentarem sobreviver. Os mais habilidosos tinham menos dificuldades. Valiam-se de tudo, até da escravidão dos seus semelhantes. Já nessa altura se inventaram casas de alterne e maneiras de desviar os incautos dos seus objectivos. A vida fácil era a maneira mais simples de singrar na sociedade. As pessoas simples do povo eram desviadas para rumos mais condignos com a podridão social. Depois apareceram também os "donos", uma espécie de jagunços mandatados pelos lugares tenentes dos reis e, às vezes, por estes para, através do fisco, lá está o fisco, sempre o fisco, acabarem de depenar os simples cidadãos. O fisco não dava nada e levava tudo. Tal como hoje!
Eram meia dúzia a comer o suor de muitos. Exactamente, como hoje! Aquela espécie de jagunços, eram homens armados pelos poderosos para extorquir as riquezas dos que produziam. Os que extorquiam viraram ricos, sempre em nome de algo. Na altura era do rei, dos deuses e entre essses estava sempre, na linha da frente, o Marduck!
Disse-me o Ventor que o Noé era um homem de bem. Enquanto podia, pagava tudo, mas chegou uma altura que ficou completamente manietado e sem fundos. Ficou à pega com os grandes senhores que, tal como o fisco, aprenderam a domar quem trabalha. Mas, enquanto Noé progredia, a podridão social crescia mais e mais e, então, Noé, era rodeado de amigos daqueles cheios de grana alheia. Estes meteram ideias na cabeça de Noé para fazer crescer os negócios pois que teria todas as ajudas possíveis de capitais. Eram, assim, tipo os nossos bancos de hoje. Davam créditos! Só que, depois, se as pessoa não pagavam ficavam-lhes com tudo. Noé era um empresário, então, e possuia uma pequena frota que navegava no Golfo Pérsico de então e, lá ia fazendo troca de vários produtos e até de camelos e outros animais.
Baseado nas promessas dos seus amigos endinheirados, quis fazer uma frota maior e, para isso, baseado nas ajudas prometidas, mandou construir uma enorme barcaça.
A Barcaça do seu amigo Noé era para ter esta forma. Mas as madeiras dos cedros do Líbano que continuaram a ser cortadas pelos descendentes de Gilgamesh, outro amigo do Ventor, eram transportadas por caravanas que tinham sido desviadas por nómadas e Noé teve de se amanhar com o que tinha e saiu a barcaça que vocês conhecem e de que muito se falou e se continua a falar.
A grande Barcaça consumiu tudo e Noé ficou sem possibilidades de pagar os créditos chegando mesmo em pensar fugir para o lado de lá do Golfo, quando lhe começaram a arrestar as suas coisas. Mandou preparar a família e os animais, em especial os camelos e outros que eram a sua pequena fortuna.
Então, cheio de medo do que poderia acontecer pediu ao Senhor da Esfera e, ... depois, já sabem como foi! Um dia, o Senhor da Esfera, já farto das aldrabices que os aldrabões iam semeando cá pelo Planeta Azul, decidiu acabar com tudo e vejam lá que até o Noé não era para se safar. Mas, como já sabem, o Apolo e o Ventor tanto lhe pediram que foi decidido safar o Noé, a sua família e todos os animais que, já então, existiam e que tinham dado uma grande trabalheira nas Oficinas do Senhor da Esfera.
Então o Senhor da Esfera decidiu ter uma conversa com Noé e voltou atrás na sua decisão de desfazer tudo. Decidiu, então, aproveitar os planos já colocados em iniciação por Noé e pediu ao Ventor para dar uma olhada para ver se o que tinha decidido seria bem cumprido. Claro que o Ventor pensou logo em travar a entrada de alguns bichos na grande Barcaça de Noé, mas depois arrependeu-se e deixou que fosse o Noé a decidir isso. O Ventor ainda chegou a pedir ao Noé para que não deixasse entrar o casal de cobras mas, as habilidosas meteram-se no meio de uma cesta de figos que o Noé levava para comerem enquanto andassem a boiar no Dilúvio e, elas, assim se safaram.
Por isso, ainda hoje, continuam a não gostar do Ventor e o Ventor a não gostar delas. Mas elas esquecem-se que, se o Ventor quisesse mesmo que elas não entrassem na grande Barcaça, não entravam e pronto! Mas o Ventor sempre entendeu que a água vai fluindo sempre para o mar e não deve ser desviada do seu percurso e não ser que tenha de ser mesmo. Mesmo desviando o percurso à água, ela continua a fluir para o mar. Como dizia o preto na África Minha, o lugar da água é em Mombaça!
Sempre assim foi e sempre assim será! Talvez um dia os portugueses reponham o fluir natural das suas águas em todos os níveis! Se o povo português não terminar com a avareza de meia dúzia de falsos iluminados e fazer as suas águas correr naturalmente para o mar, continuará na penúria, enquanto os vendilhões da política, esses politiqueiros, quais vampiros, lhe continuam a sugar o sangue com toda a naturalidade. Diz o Ventor que isto por aqui anda um pouco à deriva como no tempo de Noé. Olhem-nos bem nos seus olhos quando vos falam e, notarão imediatamente a falsidade dos sorrisos que se abrem para vós. Todos sem excepção! Não tardará muito aparecerá um Noé nesta sociedade engendrada por aldrabões. Mas será que o Senhor da Esfera exterminará todos os outros?