Após a Travessia do Estreito, pelos Árabes
Como o Ventor me contou, as eleições do novo rei visigodo, depois da morte do rei Vitisa, deram a vitória a Rodrigo que foi votado maioritariamente para rei dos visigodos. Porém, a facção adversária do Agila II, que saira vencida (ninguém gosta de perder) não aceitou a derrota e enviaram emissários além do Estreito de Gibraltar, pedir ajuda a Tarik Ibn-Ziad, então o governador muçulmano daquela região do Norte de África.
Mesquita Catedral de Córdoba, vídeo tirado do Youtube
Os muçulmanos, tinham no Califa a sua entidade máxima, política e religiosa. Nesta altura, toda a autoridade formal do islão era dirigida pelo Califado de Damasco, a que chamaram de Dinastia Omíada e que vigorou de 651 até 750. Portanto, esse tal Tarik Ibn-Ziad, governava um território no norte de África onde se incluía Marrocos, exceptuando Ceuta, que tinha um governador submetido ao império do Oriente e dependia de Constantinopla. O assalto dos muçulmanos à Península Ibérica, não se terá devido exclusivamente ao pedido de ajuda pelos apoiantes de Agila II. Este pedido, ter-se-á devido a outras razões políticas, como o dever muçulmano de defender os cristãos e os judeus que eram obrigados pela força a submeter-se ao cristianismo e, também o Governador de Ceuta terá dado um empurrãozinho ao avanço de Tarik.

Uma foto da ponte romana de Córdoba e da mesquita-catedral, tirada da Wikipédia. "S'autoritza la còpia, la distribució i la modificació d'aquest document sota els termes de la llicència de documentació lliure GNUversió 1.2
Gerou-se assim, um movimento militar e populacional, vindo do Norte de África, comandado pelo general Tarique, em 711, que invadiu a Península Ibérica, chegando a 30 de Abril de 711. Disse-se, então, que Tarique, teve a ajuda do Governador de Ceuta que lhe terá fornecido os barcos para atravessar o Estreito, e que, depois de se encontrar na Andaluz, mandou incendiar os barcos e fez um discurso para os seus homens a exortá-los de que atrás só tinham mar e, em frente, só os esperava um poderoso inimigo e, tal como ele só teriam a espada para se defenderem, mas que o teriam a ele, Tarik, sempre na linha da frente, onde perigo seria maior.
Em 30 de Julho de 711, três meses depois, enfrentou os cristãos visigóticos liderados pelo rei Rodrigo, que foram derrotados na Batalha de Guadalete, desenrolada nas margens deste rio, pondo termo ao reino visigodo de Toledo.
Após a vitória de Guadalette e até 756, os muçulmanos, dirigiram-se para Toledo, a capital do reino de Rodrigo e foram conquistando grande parte da Península Ibérica, palmo a palmo, e estabeleceram um emirato, dependente do Califado Omíada de Damasco.
Mas a história é constituída de voltas e reviravoltas. Constou-se que Rodrigo não terá morrido na Batalha de Guadalete, mas sim em 714, numa terra chamada Feital (Trancoso, Distrito da Guarda). Rodrigo terá sido expulso da Andaluzia e ter-se-á refugiado na Lusitânia, para reconstruir o seu reino e contra-atacar os muçulmanos. Em Feital, foi descoberta uma sepultura com uma inscrição: «Aqui jaz Roderico, rei dos Godos" que ainda se conservava no séc. XVIII, na Igreja de S. Miguel de Feital.

A floresta de colunas na mesquita de Córdoba
À medida que os muçulmanos penetravam pelo interior da Espanha até Toledo, os nobres visigodos, iam recuando e se reorganizando para a luta contra os sarracenos mas, na verdade, eles só pararam nos vales e encostas das altas montanhas da Cantábria e das Astúrias. Pela história não saberemos as origens de Pelágio, pois não temos documentos que o confirmem. Não sabemos se era nobre visigodo, se era natural das Astúrias, galego, ou duque da Cantábria, parente de Rodrigo. Mas sabe-se que foi aprisionado por Munuza em 716 e enviado para Córdoba. Porém Pelágio, um lutador, fugiu e regressou a Cangas Donis, onde foi eleito rei, enquanto os sarracenos continuavam a roubar ou a destruir populações, por toda a Espanha.
Córdoba, no tempo do Califado, entre 929 e 1031, atingiu o seu apogeu. Chegou a ser a maior cidade da Europa e comparável às mais importantes do mundo de então, como Constantinopla, Damasco, Bagdad, Cairo, ... nos primeiros três séculos de influência muçulmana.
De 711 a 756, tempo de invasão e conquista, os muçulmanos estabeleceram um emirato dependente de Damasco mas, foi no tempo do Califado que Córdoba se tornou a maior cidade com mais de um milhão de habitantes. Quando os romanos chegaram a Córdoba, encontraram um povoado que conquistaram, em 206, A.C. Os romanos construíram a célebre ponte romana que atravessa o rio Alquivir, em Córdoba e, mais tarde, os árabes tiveram de a reconstruir. Em 716, cerca de cinco anos após a batalha de Guadalete, Munuza, o comandante e governador muçulmano no Norte da Ibéria, prendeu Pelágio e um grupo de cristãos, que enviou prisioneiros para Córdoba mas, Pelágio conseguiu fugir de Córdoba e regressou a Cangas Donis onde, depois de ter sido eleito rei dos cristãos resistentes das Astúrias, organizou um exército para lutar com os mouros e acabou por derrotar os muçulmanos comandados por Munuza, em duas batalhas, em Covadonga e, posteriormente, em Proaza.
Continuaremos na peugada dos muçulmanos, pela Península Ibérica.