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Observando o Passado

Observando o Passado

Observando o Passado - as caminhadas do Ventor pelos trilhos dos milénios


No cabeçalho, o Taj Mahal, Amor de Pedra Feito, observado do rio Iamuna, o segundo rio sagrado dos indianos, considerado, desde 2018, um rio sem oxigénio, superpoluido.

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Nem o crack dos cavaleiros, na Síria, resiste à malvadez de animais que se dizem homens


Tudo começou aqui, em  Adrão, na serra de Soajo. No dia 06 de Janeio de 1946, dia de inverno, aquecido pelos raios do meu amigo Apolo, o mundo recebia de braços abertos a chegada dum puto que veio a fazer as suas caminhadas pelos trilhos que o Senhor da Esfera lhe estendeu neste Planeta Azul

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O tecto da Gruta de Altamira, onde mãos de milénios nos deixaram em pinturas estas belas mensagens visuais.


O Ventor saiu das trevas ... para caminhar entre as estrelas.

Ele sonha, caminhando, que as estrelas continuam a  brilhar no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continua a ser belo e a fazer pinturas.

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Catarina de Bragança

Há dias, caminhava eu numa moderna zona de Lisboa, para tentar observar, mais de perto, os meus amigos flamingos, por ali, junto à ponde Vasco da Gama. Seguia rumo aos lados de Moscavide mas, saiu-me ao caminho, vestida à moda do séc. XVII, aquela que foi filha de D. João IV, Infanta de Portugal, Princesa das Beiras, Rainha consorte da Inglaterra e da Escócia, enfim, de todo o Império Britânico de então.

Levou com ela, para entregar à coroa de Carlos II de Inglaterra, uns milhões de trocos, creio que cruzados (dois milhões?) mas, com ela foram também duas belas jóias da Coroa Portuguesa: Tânger, no Norte de África e Bombaim, uma ilha na costa ocidental do Decão, na Índia, com o seu belo porto e cidade que já teve, posteriormente, o nome de Bombay e, actualmente, Mumbay.

Eu e Catarina de Bragança, num diálogo, sobre a sua história, numa bela manhã dos últimos dias de verão de 2011

Mas, negócios são negócios e, no passado, se calhar como hoje, muitos casamentos não passam de negócios, nem que sejam só negócios de trapinhos. Claro que não foi o meu caso. Não houve intromissão de negócios e foi para valer.

Mas a Princesa de Portugal, não terá sido tão feliz como Rainha consorte de Inglaterra. Ela teve de entrar nos negócios de seu pai, D. João IV, negócios que tinham como objectivo, sempre, a ajuda externa na guerra contra os Filipes de Espanha, no seu caso Filipe IV.

Esta nossa Princesa das Beiras, esteve várias vezes sobre a mesa, para negociações, sempre em nome de Portugal!

Catarina, ainda não tinha 8 anos e já era moeda de troca nas negociações portuguesas. Primeiro com D. João de Áustria (filho bastardo de Filipe IV), depois com o duque de Beaufort, neto bastardo de Henrique IV de França, mais tarde com Luis XIV de França, com negociações entre a Coroa Portuguesa e esse abade cardeal a que chamaram Mazarino que, segundo os relatos, traiu as negociações com Portugal fazendo as pazes com os espanhóis nas costas dos portugueses.

Os cardeais ministros da França, como Richilieu e Mazarino, tal como na ficção de Alexandre Dumas, foram sempre uns traidores à própria França como não haveria de ser Mazarino traidor às negociações com Portugal, se ele se estava nas tintas para a Coroa Portuguesa como estava para a própria Coroa Francesa! A eles só interessava o seu próprio poder.

Mas enfim! Lá veio o negócio com a Inglaterra por interesses vários, de Portugal e da Inglaterra, lá foi a nossa princesa entregue a Carlos II um baldebino das ruas escuras de Londres. A nossa princesa, sofreu na terra dos nevoeiros, onde os (... ingleses), não gostavam dela por ser católica e, calculo eu, não seria uma vida interessante a da Princesa das Beiras, longe do seu chão alentejano de Vila Viçosa.

Sofreu, concerteza, e apenas os americanos lhe revelaram uma certa estima que até deram o nome de Queens, em sua honra, a um bairro da cidade de Nova Iorque.

Catarina de Bragança, no Parque das Nações, Junto à Ponte Vasco da Gama

Mas Catarina veio morrer à terra da felicidade, uma terra de sol e de flores e onde podia gritar alto: "eu também sou filha do sol, Ventor"! Catarina de Bragança enviuvou, em 1685, e manteve-se em Inglaterra até 1692, ano em que embarcou para Lisboa, onde veio a morrer em 1705, vindo assim, a desfrutar do sol português, durante mais 13 anos.

Sempre que passo ali, a alma de Catarina, naquela sua figura de metal, diz-me sempre como Portugal podia ser um paíz tão feliz e como agradece por os portugueses se terem lembrado da sua existência, no passado, como filha de Portugal.

Deixo, aqui, este texto, apenas para servir de rastilho àqueles que gostam de história e se recordam desta Princesa de Portugal, Rainha de Inglaterra, como foi rica a história do seu tempo, onde estivemos envolvidos, com os espanhóis, numa guerra de 28 anos, a Guerra da Restauração de Portugal como Pátria independente e como esta Princesa de Portugal serviu de moeda de troca para servir os interesses entre Portugal e a Inglaterra.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos

Invasão Árabe da Península Ibérica

Como o Quico continuava a escrever as suas histórias, depois de o Ventor lhas contar. Elas andam por aqui nas nossas catacumbas e agora é o Ventor que, tal como o Quico lhe pediu, as publica.

A Península Ibérica foi, durante séculos, milénios, um centro de encruzilhadas de vários povos. Por aqui, caminharam gentes de todos os pontos da Europa, também elas assoladas noutras encruzilhadas de povos vindos do Continente Asiático, tal como já tinham caminhado os Fenícios, os Gregos, os Cartagineses, os Romanos e, mais tarde, as grandes invasões de povos vindos do centro da Europa, empurrados por outros vindos mais de leste.

Durante algum tempo, depois dos visigodos terem expulsado os vândalos fazendo-os atravessar o Estreito de Gibraltar para o norte de África coexistiram dois reinos na Península Ibérica. O Reino Visigótico e o Reino Suevo.

Mas, por disputas várias, religiosas, políticas, domínios territoriais, em 585, os visigodos conquistaram o reino dos Suevos e unificaram politicamente a Península Ibérica, que durou até à invasão árabe, em 711.

O mapa da migração visigótica

A crónica do rei Roderico ou Rodrigo

Como vieram os muçulmanos, árabes, sarracenos ou berberes, parar à Península Ibérica?

A monarquia visigoda era electiva - os seus reis eram eleitos pelas Cortes.

Com a morte do rei Vitisa, em 710, reuniram-se as cortes para eleger o seu sucessor.

Constituíram-se duas facções; o grupo de Agila II e o grupo de Rodrigo, o último rei visigodo da Península Ibérica.

Os partidários de Agila, derrotados nas eleições, solicitaram apoios ao Governador muçulmano do Norte de África - Tarique Ibn-Ziad que anuiu a ajudá-los, atravessando o estreito de Gibraltar e assentou arraias na zona de Algeciras.

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Tarique Ibn-Ziad

 

Maomé, subindo ao céu

Foi a religião muçulmana a chave dos avanços muçulmanos na conquista de mundos. Eles, vindos desde a Síria, Iémen, Iraque, ... e por diante, acompanhados por berberes, transportavam o Corão numa mão e a espada na outra

A partir daqui, diz o Ventor que foi preciso definir vários timings sobre a invasão e ocupação da Península Ibérica pelos sarracenos. Há historiadores que dividem a estadia dos muçulmanos, na Península Ibérica, desde a invasão, em 711, com a sua vitória na Batalha de Guadalete e a sua derrota final, e queda do Reino de Granada, em 1492, em três períodos.

1º Período muçulmano, na Península Ibérica, a que eles passaram a chamar de Al-Andaluz, desenvolve-se desde a Batalha de Guadalete, em 711 que terminou com o reino Visigótico de Toledo, até 756, e é considerado um período de conquista e domínio de quase toda a Península, com excepção da zona montanhosa das Astúrias-Cantábria, onde os cristãos iniciaram a sua resistência contra o domínio muçulmano, estabelecendo a sua base em redor de Cangas Donis.

Nesse período da invasão e conquista, entre 711-756, os muçulmanos estabeleceram um emirato, dependente do Califado de Damasco.

Existiu um 2º Período, iniciado por Abderramão I, entre 756-1031, com o estabelecimento de um emirato independente do Califado de Damasco e o estabelecimento da sua capital, em Córdoba.

Em 929, Abderramão III, estabeleceu o Califado de Córdoba, independente.

Este foi um período de grande desenvolvimento do mundo muçulmano, na Al-Andaluz.

O 3º Período dos muçulmanos na península Ibérica ou Al-Andaluz, desenvolve-se entre 1031 e 1492. Este período, subdeivide-se em seis subperíodos, assim discriminados:

 

1º subperíodo de 1031 a 1085: o 1º tempo dos reinos de Taifas;

2º subperíodo de 1085 a 1144: o tempo dos Almorávidas;

3º subperíodo de 1144 a 1172: 2º tempo dos reinos de Taifas;

4º subperíodo de 1172 a 1212: o tempo dos Almóadas;

5º subperíodo de 1212 a 1238: 3º tempo dos reinos de Taifas;

6º subperíodo de 1238 a 1492: A Dinastia Nasrida do Reino de Granada;

 

A partir daqui, se o Ventor me ajudar, o vosso amigo Quico, continuará a descrever-vos, as partes mais importantes da ocupação muçulmana desta bela região da Europa a que nós chamamos Península Ibérica e os árabes, chamaram Al-Andaluz.

Mas, na sua caminhada de quase 800 anos, mais precisamente, 781 anos depois, tudo acabou aqui! No Alhambra, na cidade de Granada, em 1492. Coube em sorte, aos Reis Católicos de Espanha, Fernando de Aragão e Isabel, de Castela, a Católica, negociar com Boabdil, o abandono do Alhambra, retirando-se para terras alpujarrenses, encimadas pelo castelo de Alpujarra. Porém, em Novembro do ano seguinte, Boabdil, acabou por negociar a sua retirada para além do Estreito de Gibraltar, de onde os seus antepassados tinham vindo

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Bruges e Teresa, Matilde, Matilda ou Mahaut

Todos esses nomes se referem à cidade de Bruges e à mesma pessoa!

Mas, para nós, os portugueses, ela, tal como sua avó, chamava-se Teresa ou, como então se dizia, Tarasia - Tarasia de Portugal.

A D. Tarasia de Portugal, nasceu em 1157 e terá morrido em 1216 ou 1218 (são duas datas referenciadas para a sua morte), na queda de um cavalo, na Flandres. Era filha de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda de Sabóia, sua esposa.

 D. Afonso Henriques, Rei de Portugal

Teresa, Princesa de Portugal, foi aquilo que se poderá chamar, uma bela enfermeira, para seu pai, depois dele ter partido uma perna no cerco de Badajoz. Um dia, passou por Portugal, um Filipe, Conde da Flandres, rumo à Palestina e, julga-se que terá tido a sua paixoneta por Tarasia (então com 27 anos), uma bela princesa, filha de Portugal e de Sabóia, de D. Afonso I, de Portugal e de D. Mafalda de Sabóia.

Mais tarde, pediu, a D. Afonso Henriques, a mão da sua filha Teresa (agora com 33 anos) e, como Filipe conde da Flandres, filho do Duque da Alsácia, de nome Thiérry, era um dos poderosos da Europa de então, D. Afonso, acedeu à pretensão de Filipe que, cerca de 6 anos depois de a conhecer, de regressar da Palestina, de ter ficado viúvo e de ter o consentimento de D. Afonso, enviou uma "esquadra" composta por naus e bem recheada de senhores e cavaleiros, para transportar a princesa para a Flandres. A princesa terá sido bem apetrechada por D. Afonso Henriques, com um dote digno de uma princesa de Portugal. Porém, os piratas normandos estavam muito activos e tentaram assaltar a armada flamenga mas, não tiveram sorte porque Filipe, que dormia pouco, apanhou os piratas normandos e enforcou-os, todos, na costa.

O casamento realizou-se, na catedral de Bruges, em Agosto de 1184. Filipe dotou a sua noiva com várias terras e povoações, entre elas, Bruges e Gand, duas belas cidades da Flandres de então e creio que ainda hoje.

 Brasão de Armas de Bruges, na Flandres

Porém, Filipe, contraiu a peste em Jerusalém e morreu em 1191, sem deixar herdeiros. Três anos depois, a viúva condessa da Flandres, a tal Tarasia, Matilde ou Mahaut, voltou a casar com o então Duque da Borgonha, Eudo III (ou Odo III), seu primo e, para azar dos dois, também não tiveram filhos. Obteve de Roma, do Papado, claro, a autorização para anulação do casamento, devido à consanguinidade (?).

Tarasia, Teresa, Matilde ou Mahaut, regressou à Flandres onde continuou a sua actividade em defesa do seu Condado, chegando, segundo se diz, por aí, a comandar as suas tropas. Se foi ou não, não sei, foi numa altura que eu, Ventor, caminhava por outras galácticas e não posso confirmar mas, que ela tinha a fibra do pai, não tenho dúvidas.

Não é por acaso que, deixou tal fama às gentes de Bruges, revelada na Paz e na Guerra que, ainda hoje, centenas de anos depois, aparece sempre a cavalo, num estandarte, com o brasão e as quinas de Portugal, a nobre figura da Condessa Mahaut! Isto, durante a procissão do Santo Sangue de Cristo que se realiza, em Maio, todos os anos, na bela cidade de Bruges.

Uma flor chamada, Mahaut, pelos flamengos

Pelo que sabemos de ti Teresa, Tarasia, Matilde ou Mahaut, terás tido uma vida atribulada. Partiste do Porto, com os flamengos, nunca mais viste teu pai, o grande Afonso que faleceu no ano seguinte, terás chorado só, acompanhada apenas pelas brumas do Mar do Norte e tanto quanto creio, não mais voltaste a rever o solo pátrio. A tua Pátria era o sol, o nosso amigo Apolo que nos acompanha, sempre, enquanto pode. Um dia, ele fecha os olhos, nós levantamos o braço e dizemos adeus. Mas tu continuas viva, Condessa Mahaut!

Tal como os flamengos, estamos contigo, Condessa Mahaut!

Nota: os nomes, Matilde, Matilda, Mahaut, eram os nomes que os flamengos usavam para identificar a Princesa de Portugal, sua Condessa porque, não eram capazes de pronunciar o seu nome português, Tarasia. Por isso nos dizem que, no seu estandarte, utilizado na festa do Santo Sangue de Cristo, ela aparece como Condessa Mahaut, aquela a quem os flamengos chegaram a chamar rainha.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos