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Observando o Passado

Observando o Passado

Observando o Passado - as caminhadas do Ventor pelos trilhos dos milénios


No cabeçalho, o Taj Mahal, Amor de Pedra Feito, observado do rio Iamuna, o segundo rio sagrado dos indianos, considerado, desde 2018, um rio sem oxigénio, superpoluido.

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Nem o crack dos cavaleiros, na Síria, resiste à malvadez de animais que se dizem homens


Tudo começou aqui, em  Adrão, na serra de Soajo. No dia 06 de Janeio de 1946, dia de inverno, aquecido pelos raios do meu amigo Apolo, o mundo recebia de braços abertos a chegada dum puto que veio a fazer as suas caminhadas pelos trilhos que o Senhor da Esfera lhe estendeu neste Planeta Azul

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O tecto da Gruta de Altamira, onde mãos de milénios nos deixaram em pinturas estas belas mensagens visuais.


O Ventor saiu das trevas ... para caminhar entre as estrelas.

Ele sonha, caminhando, que as estrelas continuam a  brilhar no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continua a ser belo e a fazer pinturas.

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Os Meninos do Nilo

Voltei a caminhar pelo baú do Quico e daí, pelo Nordeste da África. Mais uma das muitas "coisas" que contava ao meu Quico. Desta vez, sobre a Bacia Hidrográfica do Rio Nilo. Apenas um cheirinho!

A Bacia do Nilo é, certamente, uma das maiores bacias hidrográficas do mundo que atinge cerca de 3.400.000 km2 (três milhões e quatrocentos mil). As suas águas escorrem desde a zona dos Grandes Lagos africanos e brotam de vários países, desde o sul da linha do Equador, encontrando-se as suas primeiras nascentes no território do Burundi, da Tanzânia, Congo, Kenia, Uganda, Ruanda, Sudão, Etiópia e, claro, todo o território do Egipto de Sul para Norte e, desde a sua primeira nascente até à foz, faz uma grande caminhada de mais de 6.880 km.

Mapa da Bacia hidrográfica do Nilo - foto da wikipédia

O rio Nilo era considerado o maior rio do Mundo, até geógrafos mais modernos conseguirem medir o cumprimento do rio Amazonas que, com pouco mais de 100 metros, passou a ocupar o 1º lugar.

Mas o rio Nilo, antes de ser verdadeiramente Nilo, começa por ter vários nomes famosos que o vão alimentando e se vão juntando pelo caminho. As águas que saem dos Grandes Lagos, com início no Lago Vitória, Lago Eduardo e Lago Alberto vão formar o Bar el Jabel. Porém, o lago Vitória é alimentado pelo rio Kagera e, por isso, a nascente do rio Kagera, é considerada, pelos especialistas, a nascente do rio Nilo. À esquerda do Bar el Jabel, com origem no Congo sai o Sudd e à esquerda do Sudd, temos o Bar-el Arab que vem da República Central Africana e vão se juntar num troço maior a que deram o nome de Nilo Branco (White Nile). À direita do Nilo Branco, temos o Nilo Azul (Blue Nile) que vem do Lago Tana, na Etiópia e se encontra com o Nilo Branco em território do Sudão, mais precisamente na sua capital, Kartum (alguém se lembra de Kartum, do General Gordon, do Major Kitchener, ...?). Mais à direita, temos o rio Arbara que também nasce na Etiópia e avança ao encontro do Nilo, mais a norte de Kartum.

O rio Nilo junto a Kartum - foto da wikipédia

A partir deste encontro do Arbara, já todos juntos, avançam enlaçados até ao Meditrrâneo, como um corpo só - o Nilo - que, ao aproximar-se do mar Mediterrâneo, abre os braços de alegria e parece gritar: "olé, olé, olé"! Um rio como o Nilo, depois de correr por troços e se espraiar pelas areias do deserto, por milhares de quilómetros e, como um corpo vivo que é (é ou não?), podemos considerar que sim, vivo e bem vivo, sente necessidade de gritar: "Eureca! Cheguei"! Mas, ao mesmo tempo, sente que, para trás, deixou verduras luxuriantes e o deserto fabuloso a que deu de beber. Por isso, quando olhamos o Delta do Nilo, parece-nos notar que o rio Nilo, mete travões e perde a pressa de entrar no mar azul, passando a cismar com tudo que deixou para trás!

Dá a sensação que ele olha para trás, a tentar rever todas as vidas que alimentou. Milhões de vidas! Macacos, hipopótamos, crocodilos, homens! Milhões de homens e, ... através de milénios! ... Nem queiras saber Quico!

Glorificar o meu amigo Apolo era uma honra para os egípcios - foto da wikipédia

Por tudo isto, o Ventor contou-me coisas sobre este rio e os meninos que beberam da sua água.

Ele falou-me dos muitos meninos que beberam e continuam a beber água do seu rio Nilo, como o Ventor bebeu água no rio de Adrão, desde a sua nascença nos Sorreiros, até à sua entrada no Atlântico. Os meninos do Nilo, beberam e bebem da sua água desde a nascente do rio Kagera até ao seu Delta, onde o Ventor e o Alexandre Magno também beberam.

O Ventor disse-me que o primeiro menino do Nilo, famoso, que as pessoas ouvem falar, foi o Moisés. O Moisés nasceu, como diz a Bíblia, numa altura péssima em que os meninos, filhos do povo de Israel, iriam ser mortos, à nascença, porque os judeus israelitas se reproduziam com mais facilidade que os egípcios. O Ventor, nessa altura, caminhava por outras galácticas e não sabe bem como foi, mas sabe que não foi por o Faraó e as suas gentes pensarem que os israelitas passariam a beber mais água do Nilo que os egípcios. Foi porque todos sempre tiveram a mania de chatear o próximo e, então, o próximo, era o israelita que vivia ao lado, mas dentro do próprio Egipto. As ordens eram para matar e pronto!

Estátuas dos Faraós em Abu Simbel, junto à barragem de Assuão - foto da wikipédia

Por isso, a mãe do Moisés, meteu o seu menino num cestinho e colocou-o à guarda do grande Nilo. O Ventor disse-me que uma mãe, deve ficar maluca com ordens doidas como esta e, se calhar, achou que devia fazer uma "barquinha". Se o Noé conseguiu salvar tanta gente e animais, ela, com aquela míni barquinha, e com a ajuda do Senhor da Esfera (nada como ter esperança), achou que poderia salvar o seu menino!

E salvou! A filha do Faraó, por portas e travessas, fez do Moisés um grande homem do Egipto que chegou a comandar os exércitos egípcios contra os núbios que derrotou e levou como escravos para o Egipto. Os núbios, eram um povo antigo, que viviam, então, mais ou menos, entre o local conhecido por Assuão, no Egipto e Kartum, no Sudão. Por isso, hoje, os núbios, politicamente, fazem parte dos povos egípcios e sudanês.

A múmia de Ramsés II - foto da wikipédia

Mas o rio Nilo teve outros meninos famosos, a começar pelos próprios faraós. Todos eles beberam água desse grande rio e, alguns, até depois de grandes, se calhar, levados pela nostalgia dos seus tempos de criança, os tempos em que dividiam os espaços, no rio, entre eles e os crocodilos, chegaram a construir grandes palácios nas margens do Nilo, tal como em Abu Simbel, em Luxor e outras cidades. Em Abu Simbel, zona que foi núbia, eles, mesmo depois de mortos, queriam lavar os pés no rio! E foram tão importantes que, a Unesco fez tudo para que eles continuassem a lavar os pés, agora, na grande barragem de Assuão que se estende pelo leito do grande rio.

Por isso, o Ventor, diz que as estátuas falam e, falam porque elas são a alma das gentes. Para além das estátuas estavam lá as múmias do Ramsés II e estava preta! Segundo o Ventor, será devido aos lodos do rio que são transportados desde as altas montanhas da África Oriental. Os montes da África Oriental, junto à imaginária linha a que os homens chamaram Equador, são dos mais elevados do Planeta, pelo menos, são os maiores de África, como o Kilimanjaro, o Monte Kénia e as Montanhas da Lua do Ptolomeu (actualmente, monte Ruvensori), todos acima dos 5.000 mts. Em todos estes montes permanecem neves perpétuas e nos seus cumes permanecem, há milhões de anos, os seus glaciares que, tendem a desaparecer (creio que foram reduzidos a menos de um terço, desde os anos 50, do século XX)!

Nefretite, a primeira "Cleópatra" do Egipto - foto d wikipédia

Mas o Ventor falou-me muito dos meninos do Nilo. Nos célebres como o Moisés, os Faraós e, duas "Faraoas", como a Nefretite e a Cleópatra que elas, como outras, também, tal como os meninos, brincaram nas margens do grande rio e beberam da sua água. Mas falou-me também de todos os meninos actuais que, correndo em volta dos rios e riachos que alimentam o grande rio, vêm morrer tudo o que lhes pode garantir a caminhada da sua vida e muitos dos seus irmãos. Eles morrem no Burundi, no Ruanda, no Uganda, na Etiópia, no Sudão (como tem acontecido ultimamente com os meninos do Darfur) e as suas mortes, tanto quanto parece ao Ventor, são apenas choradas pelas Ninfas das Fontes, dos lagos e dos rios. Do alto das grandes montanhas africanas, descendo até ao Nilo, as lágrimas das Ninfas das montanhas, das fontes, dos lagos e dos rios, rodeando Melpônes, a musa da Tragédia, continuam a ajudar a alimentar o Nilo, enquanto os meninos continuam a morrer aos milhares (milhões?), sem que haja alguém, na política mundial, que se junte às Ninfas, pelo menos, chorando também.

Toda a história do Egípto e dos povos mais a sul, se desenrolou, durante milénios, ao longo do seu rio, onde os seus meninos, nascem, brincam e morrem.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos