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Observando o Passado

Observando o Passado

Observando o Passado - as caminhadas do Ventor pelos trilhos dos milénios


No cabeçalho, o Taj Mahal, Amor de Pedra Feito, observado do rio Iamuna, o segundo rio sagrado dos indianos, considerado, desde 2018, um rio sem oxigénio, superpoluido.

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Nem o crack dos cavaleiros, na Síria, resiste à malvadez de animais que se dizem homens


Tudo começou aqui, em  Adrão, na serra de Soajo. No dia 06 de Janeio de 1946, dia de inverno, aquecido pelos raios do meu amigo Apolo, o mundo recebia de braços abertos a chegada dum puto que veio a fazer as suas caminhadas pelos trilhos que o Senhor da Esfera lhe estendeu neste Planeta Azul

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O tecto da Gruta de Altamira, onde mãos de milénios nos deixaram em pinturas estas belas mensagens visuais.


O Ventor saiu das trevas ... para caminhar entre as estrelas.

Ele sonha, caminhando, que as estrelas continuam a  brilhar no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continua a ser belo e a fazer pinturas.

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Trilhos de Mundos

Apresento-vos a caminhada do Ventor por terras de Pelágio, Covadonga-Astúrias

Amigos, deixo-vos aqui um rascunho de uma carta do Ventor enviada para o Pelágio, em Covadonga, quando este se preparava para enfrentar, numa batalha de vida ou de morte, os mouros que, desde Gibraltar, tinham subido, anafadamente, de monte em monte, de serra em serra, de rio em rio, para terminarem, uma vez por todas, com a resistência que os cristãos estavam a levar a cabo, contra as hostes dos glutões de além-Atlas.

Esta carta foi escrita pelo Ventor, em latim, numa casca branca de vidoeiro, uma vez que ainda não tinham sido descobertas as pastas de celulose, nem havia papiros na Península Ibérica, nem folhatos que envolviam as espigas de milho. O Ventor chegou a pensar pedir aos seus amigos incas, folhatos de espigas de milho para escrever a suas missivas em material leve mas, ao verificar que a casca do vidoeiro era ideal para escrever, utilizando tinta azul sobre ela, foi assim que passou a proceder. Seria terrível enviar como missiva uma mensagem numa pesada rocha de ardósia, por montes e vales pois, nessa altura, ainda passavam despercebidos os futuros caminhos de Santiago. Entre as várias lenga-lengas do Ventor, estava esta passagem:

«Amigo Pelágio,

Quando o meu amigo Alexandre venceu os persas e chegou à capital do, então, mais poderoso império do mundo, o que ele quis foi descansar e relaxar! Habituado a dormir ao relento nos quase desertos gélidos da Anatólia e infernais do Médio Oriente, atirou com o corpo para cima de uma tarimba e disse: "contas, só amanhã"!

Como vocês devem calcular, por aí, a guerra sempre foi feita de pilhagens e Alexandre, era um grande homem, bastante evoluído para a época, mas fazia parte da praxe da guerra, aquela famigerada leviandade dos homens de quererem pilhar. Pilhar tudo! Fosse o que fosse, mesmo que, de seguida, tivessem de atirar com as matérias pilhadas para o lado, devido ao estorvo em que se tornavam.

Mas Alexandre, fazia-o e, ao mesmo tempo, doía-lhe, no seu interior, esta maneira de estar na malfadada guerra. Os despojos de guerra eram sagrados e era uma das maneiras de pagar aos homens que lutavam a seu lado.

No entanto, apesar de muito cansado e não querer fazer contas, voltou-se para mim e disse: "Ventor, acho que vou ficar com estes instrumentos! Estão a fazer-me cá uma cobiça! Só em lembrar-me que esse sacana do Dario se deleitava ao som desses instrumentos põe-me raivoso! Acho que vou levar estas bugigangas comigo até ao fim do mundo"!

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Estátua de Pelágio, em Covadonga

Mas os persas quiseram ser prazenteiros e logo imaginaram inventar um grupo de músicos com os melhores instrumentos musicais e partituras que havia na época! Alexandre, ao ouvir estes instrumentos sentiu que estava, realmente, no paraíso e que a sua mania de ser um "deus" tornava-se cada vez mais uma certeza, pois só os deuses poderiam ouvir aquelas melodias!

Entre esses instrumentos, fixei uns quantos, mas não poderei enviar-te as suas figuras ou alguns esboços porque, não tenho tempo nem jeito para o desenho e, porque as fotos, só alguns séculos mais tarde vão ser inventadas.

Quando esse mouro pimpão chegar junto dos teus homens e for derrotado, pois é assim que vai ser, obriga-o a deixar para vós os instrumentos de música que eles, também, tal como os persas do tempo de Alexandre, têm e sabem usar. Entre os seus instrumentos estão o alaúde, a pandeireta, a flauta, e mais umas coisas que eles herdaram dos persas e que foram passando de mão em mão e, também, foram sendo transformados. Obriga-os a tocar, cantar e dançar para ti, porque isso vai-te divertir e, depois, não precisas de os matar a todos. Vamos ter de aprender a conviver, por aqui, muitos anos, uns com os outros porque, para além do mais, é do confronto de civilizações que, um dia, sairá um mundo melhor».

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Mulher a tocar santur, numa pintura do Palácio de Hasht-Behesht, em Isfahan, Irão

Depois o Ventor enumerou, para Pelágio das Astúrias, alguns instrumentos com que Alexandre ficou:

«uma cítara, com quatro cordas e, a seu lado, encontrava-se uma espécie de pandeireta e os livros da sabedoria;

Um santar com 72 cordas arrumadas em grupos de quatro;

Um Tar com 6 cordas, 5 de aço e uma de latão;

Um Kamanche com 4 cordas metálicas e a caixa de madeira, em forma de hemisfério, é coberta por uma membrana de pele de carneiro;

Uma Nay, uma espécie de flauta com normalmente, seis buracos à frente e um atrás. Este é um dos meus instrumentos musicais favoritos, quando é bem tocado. Normalmente, o som que sai de uma flauta é motivado pela tristeza contida no espírito de quem a usa;

Um Dombak, é o "chefe" dos instrumentos de percursão da música clássica pérsica. É um bombo cravado numa peça de madeira forrada com pele de carneiro por cima e com abertura por baixo;

Outra rababa, tal como a que Alexandre tinha comprado ao beduíno.

Pintura: os músicos da Caravágio

Estes são alguns dos instrumentos musicais que fizeram as delícias de Alexandre por terras da Ásia ajudando, assim, a mitigar a vontade que se fazia sentir no seu espírito e no seio dos seus homens, de voltarem, apressadamente, aos vales e às montanhas da Macedónia. Não eram muitos mas, já quase davam para fazer uma daquelas orquestras que um dia irão valorizar os grandes salões burgueses que transformarão a Europa».

Quanto ao resto, vocês já sabem! Pelágio das Astúrias, venceu por duas vezes os mouros comandados por Munuza. A primeira vez, em Covadonga e, a segunda vez, em Proaza. Aqui, em Proaza, Munuza, perdeu a vida em combate, mas como já sabia que o Ventor aconselhara Pelágio a ficar com os instrumentos musicais que pudesse, quebrou, cheio de raiva, o seu alaúde contra uma rocha. Há quem diga que, ainda hoje, quem lá passar, ainda poderá ouvir o som terrível do alaúde a quebrar-se e ver uma moura encantada, de braços levantados a dançar e a tocar pandeireta, enquanto um soldado mouro chora Munuza com a sua flauta.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos

Bucéfalo, o cavalo de Alexandre

Mais uma história do Ventor para eu contar aos nossos amigos ...

Diz o Ventor que o Bucéfalo foi o cavalo de guerra do seu amigo Alexandre Magno.

Alexandre e o Ventor, se não sabem ficam a saber, foram grandes amigos. Alexandre era um puto endiabrado e o Ventor, sempre o mesmo velhadas admirava-o. Como vocês sabem, Alexandre era filho de Filipe II, rei da Macedónia e de Olímpia, a sua mãe, filha de uma terra a que chamavam Epiro (hoje Albânia).

Diz ainda o Ventor que Alexandre gostava muito de cavalos e montava-os à mongol ou, como o Ventor fazia, quando pequeno, pelas suas Montanhas Lindas. Agarrava-lhes as crinas e saltava-lhe para cima do lombo.

 Bucéfalo, o Cavalo mais famoso da História, podia ser um destes belos cavalos 

A Tessália, ao norte da velha Grécia, era vizinha da Macedónia, a sul e era um país famoso porque se dedicava à criação dos melhores cavalos de então. Alexandre era perdido pelas suas montanhas. Ele também tinha Montanhas Lindas como o Ventor, mas o Alexandre, ainda jovem, era muito ambicioso, até pelo país criador de cavalos. Ainda puto, entrava nos seus vales e trepava às suas montanhas, apenas para ver os seus cavalos, verdadeiros alazões, cheios de beleza e força.

Um dia, encontraram-no, cercaram-no e prenderam-no. Mas o Ventor interveio e os tessálicos, ao reconhecerem as razões do Ventor, em defesa de Alexandre, deixaram-no partir. No meio dos tessálicos encontrava-se Filónio, também um amigo do Ventor, que o ajudou, reconhecendo que Alexandre era o filho do rei Filipe da Macedónia.

Um dia, Filónio da Tessália convidou Alexandre a voltar aos vales e montanhas dos grandes cavalos. Ele apreciava a cavalgada de muitos daqueles cavalos, ainda selvagens e a argúcia dos tessálicos em amestra-los.

Ao vê-los, já na sua imaginação estava o título da canção, Against de Wind, usado pelo Bob Seger, milénios depois e de que o Ventor tanto gosta quando, ao som da canção, se imagina agarrado às crinas de um cavalo, galopando contra o vento!

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Para ferrar o Bucéfalo estava sempre presente o melhor ferreiro da Macedónia

Mas no meio de todo o seu entusiasmo, Filónio verificou que o puto, além de gostar de todos os cavalos e de ter jeito para eles, apreciou especialmente, um. Filónio perguntou-lhe: "Alexandre, gostas muito daquele cavalo, não gostas"? Ele sorriu e partiu para a Macedónia ainda mais encantado com os cavalos da Tessália.

 

Como o pai de Alexandre, Filipe da Macedónia, era um potencial comprador de cavalos para as batalhas que já tinha desenhadas na sua cabeça, Filónio, um dia apareceu, em Pela, capital da Macedónia, com o cavalo que ficara no olho de Alexandre. Alexandre saiu das cavalariças de Filipe, de mãos na cintura, a olhar o cavalo como se estivesse a ver a coisa mais maravilhosa do mundo.

Alexandre aproximou-se e pediu a Filónio para o deixar montar aquela beleza de animal e, ao tentar tocar-lhe, o cavalo levantou-se todo no ar, apoiado nas patas de trás, a relinchar como se Alexandre fosse seu inimigo e o quisesse matar.

"Nem penses" - disse Filónio. "Como vês, este cavalo não deixa que ninguém o monte. Primeiro vai ter de ser domado. Tens que pedir ao teu pai os domadores e, depois sim, poderás monta-lo". Filónio tinha dito ao Ventor que aquele cavalo só podia ser digno de um grande rei e, por isso, como gostava do puto e esperava fazer negócios com o pai, ia oferecer-lhe o cavalo.

Alexandre tinha 16 anos e mais parecia um homem que um puto devido ao seu aspecto físico, à sua força e à sua mentalidade de adulto. Desatou a correr direito aos domadores dos cavalos de seu pai a gritar para irem tentar domar o Bucéfalo e continuou a correr para ir informar o pai que ia ter um cavalo novo.

O pai alvoroçou-se também e ficou cheio de curiosidade pelo facto de ver tanta alegria estampada no rosto do filho, ao mesmo tempo que observava como ele já era um homem. Virou-se para o Ventor que chegara com Filónio e confidenciou-lhe: "já tenho substituto"!

Lá seguiram todos para as cavalariças, onde havia uma grande algazarra! Nenhum domador de cavalos conseguia montar o Bucéfalo!

Como nesta imagem, obra de Carole Raddato, Bucéfalo e Alexandre eram companheiros inseparáveis. Apenas a morte atirou com cada um para seu lado. This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 2.0 Generic license.

Os domadores e vários escudeiros reais, tentaram, vezes sem conta, montar o Bucéfalo, mas o animal era muito arisco e acabaram por o considerar indomável.

Já se falava, no meio da assistência, que iria dar os melhores bifes de cavalo comidos até então. Mas Alexandre nunca virava as costas a uma boa luta e, aquela, iria ser a primeira grande luta da sua vida. Alexandre prontificou-se a montar o cavalo e apostou com Filónio como seria capaz de montar o Bucéfalo e desafiou-o para uma aposta. Se falhasse, sentiria ser, para si, uma grande derrota e pagaria a Filónio o valor do animal que era 17 talentos de ouro. Na Macedónia havia muito a mania dos jogos e faziam-se apostas por tudo e por nada. Por isso, Alexandre teria de apostar forte pois perder seria uma fraqueza e a aposta seria o fermento da luta que iria travar naquela tentativa de montar o Bucéfalo.

Alexandre ao ver as várias tentativas de aproximação diagnosticou o problema do Bucéfalo, ao aperceber-se que o animal se assustava com a própria sombra e com o aproximar das sombras dos seus domadores e, agora, precisava de encontrar o remédio. Apolo, voltou a olhar o Ventor e sorriu. «A luz, Alexandre, a luz»! E não precisou de explicar mais nada. Alexandre olhou Apolo, voltou a olhar o Ventor e sorriu. A luz de Apolo quase cegava Alexandre e ele pegou no Bucéfalo pelo cabresto e virou-o de frente para Apolo. Por momentos o cavalo cegou com a luminosidade intensa de Apolo que fazia jus da sua pujança sempre que o Ventor se encontrava por aquelas paragens. Nesse momento, já não havendo qualquer sombra para o cavalo olhar, Alexandre saltou-lhe para cima do lombo e já não valeu a pena ao Bucéfalo saltar e atirar coices para o ar. Mais uns segundos e Alexandre tinha o seu cavalo domado, conseguindo o que mais ninguém fora capaz - domar o Bucéfalo.

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As ferradurs do Bucéfalo eram feitas e tratadas com o maior carinho do seu ferrador

O Ventor sorriu para Alexandre apoiando a sua bravura e determinação e felicitando-o por ser ele a domar aquele cavalo, o tal que o Filónio lhe tinha confidenciado que só podia ser digno de um grande rei.

O Ventor já tinha passado pelas mesmas dificuldades quando domou o seu cavalo branco de nome Antar e Apolo lhe tinha pregado a mesma partida. Mais tarde, o Ventor acompanhou as correrias de Alexandre montando aquele belo cavalo cuja fugacidade lhe deu vitórias em todas as grandes batalhas que travou. Alexandre confidenciou ao Ventor que o Bucéfalo apenas o deixava montar a ele e mais ninguém. Mas quando Alexandre se enroscava no velho palácio do Nabuco a ouvir o som das Rababas, o Ventor montava o Bucéfalo e iam os dois fazer caminhadas à sombra dos chorões que ladeavam os canais que davam acesso ao rio Eufrates e que faziam parte da grande obra de Nabuco.

 

Estátua de Bucéfalo e Alexandre em Edinburgo, foto de autoria de Stefan Schäfer, Lich, tirada da Wikipédia. This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported

Mas tudo acaba e o Bucéfalo também. O Bucéfalo foi ferido nas campanhas da Índia. Velho e doente, tentou prestar a sua ajuda no regresso de Alexandre. Alexandre parou para descansarem num local próximo de Taxila que hoje fica no Paquistão. O Bucéfalo estava deitado no chão com a sua cabeça virada para Ocidente, à sombra de uns arbustos, se calhar, a pensar nos tempos felizes das suas montanhas da Tessália, nas correrias desenfreadas ao lado da sua mãe sob aquele lindo céu azul, habituados a lutar contra os lobos e Alexandre, olhou-o nos olhos e perguntou-lhe: "como vais companheiro"? O Bucéfalo tentou soerguer a cabeça e olhar Alexandre mas, de repente, deixou-se tombar e fechou os olhos para nunca mais os abrir.

Alexandre abraçou o seu companheiro de todas as batalhas e chorou silenciosamente sobre o seu cadáver ao mesmo tempo que recordava os belos tempos que tinham passado juntos, antes e depois de terem passado o Helesponto (hoje os Dardanelos). Tinha sido uma vida de lutas, onde os dois faziam um corpo só. Um corpo de batalha! Alexandre, abraçado ao seu cavalo, ouvia, horrorizado, os sons gravados no seu cérebro. Muitos gritos e algazarras! Os gritos de Queroneia, ainda no meio das suas gentes e, depois, outras pequenas grandes batalhas, como Granico perto às muralhas destruídas da velha Tróia onde, sobre o seu cavalo, homenageou o grego Aquiles e o troiano Príamo. Depois os gritos e as algazarras da batalha de Isso, onde ficou a dever a sua vida ao Bucéfalo e, mais tarde, em Gaugamela, no actual Iraque e onde derrotou para sempre o rei da Pérsia, Dario II

 Na grande batalha travada junto ao Golfe de Isso, dois corpos que constituíram uma bela máquina de Guerra - Alexandre e Bucéfalo

Alexandre ainda era um jovem com 32 anos, mas fez uma retrospectiva sobre o seu passado glorioso, abraçado ao seu cavalo e, agora, longe de casa, já não tinha quem, com confiança, lhe "lesse" o seu futuro. Ali, enquanto chorava sobre o corpo inerte de Bucéfalo, Alexandre pensava no seu passado de Glória, pensava em Queroneia, onde os dois esmagaram as forças que foram do velho Epaminondas, também amigo do Ventor. Recordava a travessia do Helesponto e como afagou o pescoço do seu cavalo ao pensar na empresa que tinha pela frente, imaginando que ia investir contra o mais poderoso exército do mundo, na época, podendo nunca mais regressar. Olhava as últimas montanhas da Europa que se escondiam dele embebidas pela penumbra nebulosa e como que, para ganhar confiança, voltou a fazer uma festa no pescoço do Bucéfalo. A sua guerra tinha sido terrível, pois tinha, enfrentado, as forças de Dario III e de muitos mercenários gregos que se haviam juntado a Dario para lutar contra os macedónios e os outros gregos seus aliados.

 

Mapa que nos mostra as cidades construídas em redor do rio Indus

Aí enterrou o seu companheiro de armas e decidiu prestar-lhe uma derradeira homenagem. Mandou construir uma nova cidade a que deu o nome de Bucéfala e que se julga ser a velha cidade histórica de Jalalpur, no actual Paquistão. Depois, partiu montado num cavalo que um soldado, outro filho da Tessália, lhe emprestou e que o levou de retorno à fabulosa cidade de Babilónia. Ali, chegou já adoentado e, ao subir as escadas por onde muitas vezes passara Nabuco, junto com o Ventor, dsse-lhe: "Ventor, agora que fiquei sem o Bucéfalo, o meu velho companheiro de armas, fiquei também com o pressentimento que as minhas batalhas terminaram para sempre. Ele, e julgo que eu também, jamais voltaremos a ver as belas montanhas da Tessália e da Macedónia.

Sinto-me triste e sem forças e nem quero pensar em regressar sem levar o Bucéfalo comigo". E assim foi! Ainda ouviu, durante algum tempo, o som das rababas mas, sem o Bucéfalo nas cavalariças de Nabuco e enquanto ouvia os acordes das rababas ele caminhava em sonhos sobre a Tessália, sobre a sua Macedónia, montando o seu Bucéfalo mas, caminhando iluminado por Apolo, direito ao Senhor da Esfera.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos