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Observando o Passado

Observando o Passado

Observando o Passado - as caminhadas do Ventor pelos trilhos dos milénios


No cabeçalho, o Taj Mahal, Amor de Pedra Feito, observado do rio Iamuna, o segundo rio sagrado dos indianos, considerado, desde 2018, um rio sem oxigénio, superpoluido.

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Nem o crack dos cavaleiros, na Síria, resiste à malvadez de animais que se dizem homens


Tudo começou aqui, em  Adrão, na serra de Soajo. No dia 06 de Janeio de 1946, dia de inverno, aquecido pelos raios do meu amigo Apolo, o mundo recebia de braços abertos a chegada dum puto que veio a fazer as suas caminhadas pelos trilhos que o Senhor da Esfera lhe estendeu neste Planeta Azul

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O tecto da Gruta de Altamira, onde mãos de milénios nos deixaram em pinturas estas belas mensagens visuais.


O Ventor saiu das trevas ... para caminhar entre as estrelas.

Ele sonha, caminhando, que as estrelas continuam a  brilhar no céu, que o nosso amigo Apolo ainda nos dá luz e que o nosso mundo continua a ser belo e a fazer pinturas.

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A Última Batalha de Alexandre

A Batalha de Hidaspes

Alexandre Magno, como já sabemos, partiu da sua Macedónia com instintos belicosos.

Ele tinha, inculcado na sua cabeça uma verdade única! Dario III, Rei da Pérsia, tinha insultado, numa representação diplomática perso-greco-macedónica, a pessoa de seu pai, Filipe II, Rei da Macedónia, como Rei e como homem e mandou entregar essa nota diplomática, sem retirar uma vírgula do que tinha dito. Filipe tinha na sua cabeça que, no futuro, atacaria a Pérsia, mas sentia que ainda não dispunha do poder militar suficiente para levar a cabo tal empreendimento.

 

Filipe II da Macedónia, o pai de Alexandre Magno

Entretanto, como Filipe da Macedónia não era burro e nem queria vir a ser, estudava minuciosamente, tudo o que dizia respeito ao poder militar dos persas, as suas ligações estratégicas, a envolvência das colónias gregas situadas na Lídia, nas costas do Mar Egeu e as eventuais alianças de Dario com eventuais desavindos das cidades gregas que não gostavam de Filipe.

Alexandre que era irreverente e decidido, caminhava nos calcanhares do pai, tendo como objectivo, um dia, vir a fazer Dario engolir as palavras com que insultara seu pai.

Por desavenças intestinas e uma luta surda entre a Macedónia e outros estados gregos, sabe-se lá a razão, Filipe foi morto e Alexandre, apoiado por amigos seguros, tomou as rédeas do poder mas sempre com a Pérsia como objectivo.

Como era mais decidido que o pai, tal como ficou provado na acção desencadeada por Filipe junto dos seus generais para ver qual o mais hábil e com capacidade para desfazer o Nó Górdio, é o que se diz, Alexandre, ainda um rapazola, perguntou ao pai o que se passava e este informou-o que comandaria as suas forças militares o general que mais rapidamente fosse capaz de desfazer o Nó Górdio.

Alexandre chateado por ver os generais encrencados a coçar o couro cabeludo com algo que não fazia sentido, virou-se para o pai e disse-lhe que a Macedónia não podia perder tempo com coisas efémeras como essas e deu um golpe com a sua espada, desfazendo o Nó Górdio. O pai, olhou-o e, embora não fosse isso que esperava, achou que ele tinha razão, pois nem pensou duas vezes e só com um golpe da espada desfez esse Nó que ficou famoso para a eternidade. Filipe entregou o comando das tropas ao seu filho que havia provado ser prático, rápido e eficiente.

Foi baseado nessa sua eficiência a tomar decisões que nem pensou duas vezes. Organizou as suas forças e, sem hesitar, atravessou os Dardanelos e avançou sobre o Império Persa até se livrar de Dario III e conquistar toda a Pérsia como vimos até aqui.

Porém, quando já Senhor da Pérsia, ao ter conhecimento que os indianos, por terem sido velhos aliados de Dario ou por terem esperança de trincar as fraldas do império que tinha sido de Dario, começaram a movimentar as suas forças e isso chegou aos ouvidos de Alexandre que, como já vimos, sem dar ouvidos ao Ventor, mandou os seus generais prepararem-se para avançarem pela Bactriana, organizar uma nova caminhada, preparando alguma solidez na sua rectaguarda, consolidando as sus defesas e, depois, descer rumo à Índia.

Esta caminhada foi realizada um tanto ou quanto às cegas, pois nem Alexandre, nem os seus generais tinham conhecimento do que os esperaria pelas montanhas geladas do que é hoje o Afeganistão, o Paquistão e a índia. Desconheciam por onde passar essas montanhas geladas, que rios havia, como sustentarem-se a eles e aos cavalos e nem sabiam se o mar ficava perto ou longe. Disse-me o Ventor que Alexandre e os seus homens julgavam que o rio Indu que nasce nas montanhas mais altas da Ásia, fosse o Alto Nilo ou Nilo Superior, no Egipto. Isto hoje, faz rir estes generais modernos, habituados a ver o mundo de cima para baixo. Mas, com a cartilha de Heródoto nas mãos, muito mal informado, julgando bater  as velhas caminhadas de Hércules e de Poseídon que, segundo o que se julgava saber na época, nenhum deles tinha atravessado o rio Indo e Alexandre acabou por fazê-lo.

No âmbito de escaramuças sem fim, no rio Hidaspes, um afluente do rio Indo, no sul do Paquistão travou a sua última batalha militar contra um exército diferente, cuja cavalaria era maioritariamente formada por elefantes. Ele já tinha alguma experiência nessa luta, contra uma "cavalaria" de alguns elefantes utilizados por Dario mas, desta vez, era tudo diferente.

Os seus homens e cavalos, desgastados pelas suas caminhadas em redor das fraldas das montanhas de neves quase perpétuas da grande cordilheira do Indocuche, de ventos e frios gélidos, dispuseram as suas forças, já muito desanimadas na margem do rio Hidaspes junto à fronteira do Paquistão e iniciou-se a peleja com uma desvantagem acentuada para as forças de Alexandre, embora se diga que utilizou tudo o que tinha, inclusivé, uma cavalaria com 75.000 homens.

Aqui, depois de uma luta diferente, com os homens extenuados, com cavalos velhos como o Bucéfalo, mortos ou feridos pelos terríveis elefantes, Alexandre apercebeu-se que o seu empreendimento teria de terminar ali. Foi nas margens do Hidaspes que, como ele confidenciara ao Ventor, travara a sua última batalha, esta, também vitoriosa.

Elefantes ao ataque. Podia ser em Hidaspes

Depois da última grande e péssima caminhada, chegou a Babilónia, sem o Bucéfalo, como já sabem e atacado por febres terríveis.

Algum tempo depois do retorno da Índia, o Ventor entrou nos aposentos de Alexandre, encontrou-o muito deprimido e, praticamente, sem vontade de prosseguir. Ele disse ao Ventor que, depois de tanta guerra e de cinco extenuantes batalhas, sentia que este mundo não era, de facto, o que ele tinha esperado e que iria pedir aos seus generais para que, logo que o Senhor da Esfera chamasse a sua alma, depositassem o seu corpo longe de Babilónia e que, se fosse possível, gostaria que fosse na Macedónia mas, meditou um pouco e olhando o Ventor, olhos nos olhos, disse: "na Macedónia não será possível, pois chegaria lá já desfeito, mas se os meus generais me quiserem fazer uma última vontade, poderiam levar o meu corpo para Siuwa, no Egipto a terra onde fui coroado Faraó e onde ouvi, pela primeira vez, o som da rababa"!

O Ventor, triste com a situação de Alexandre, pois não gostava nada de o ver tão doente, caminhava nas margens do Eufrates ao lado de Diana, nunca abandonando o seu arco e, quando resolveu voltar a ver Alexandre, este, extenuado, já um autêntico farrapo humano, uma amostra do homem que tinha sido, disse ao Ventor que ser belicoso nunca será agradável para ninguém.

"Sabes, Ventor! A única coisa boa que vou levar deste mundo, é a lembrança do Bucéfalo. Adorava ver o Bucéfalo e o Antar a correrem brincando que até pareciam gozar connosco. Na praia egípcia, junto a Rhakotis, o Antar saltou ar fora, parecia voar e o Bucéfalo, muito feliz a olhá-lo mas, lá por dentro, cheio de inveja por não poder acompanha-lo. Mas a vida é mesmo assim Ventor. Diz ao Senhor da Esfera que a minha honra a Apolo é a minha honra a Ele Próprio".

Alexandre a domar o seu cavalo Bucéfalo

A imagem de Alexandre Magno e do seu Bucéfalo, nas batalhas

Talvez o Ventor não me tenha contado tudo sobre Alexandre, talvez eu tenha por aqui algo que não encontro mas, após a morte de Alexandre, o Ventor continuou a sua caminhada sempre com a missão de que o Senhor da Esfera o incumbira - observar o comportamento dos homens.

Mais tarde voltou a Alexandria e acompanhou um pouco Ptolomeu, um dos mais inteligentes generais de Alexandre Magno. Talvez ele me conte um dia mais sobre Alexandria, a primeira cidade "menina" que Alexandre desenhou na areia da praia para o Ventor, juto a à velha aldeia de Rhakotis. 

 Uma obra reconstruíndo a caminhada de Alexandre Magno para a sua última morada, segundo a descrição de Diodoro. Autor desconhecido.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos

Alexandre Magno, na Índia

O Ventor continua a contar-me coisas sobre o seu amigo Alexandre, o Magno.

Música de Vangelis - Filme de Alexandre Magno - Across the Montains

Diz-me o Ventor que, depois do encanto das rababas, dos tambores persas e de outros instrumentos de música, Alexandre não tirava os olhos de Rossana, a filha do rei Dario, quando por baixo do seu véu, os olhos negros e lindos de Rosana o admiravam enquanto se contorcia toda em danças que Alexandre não conhecia ainda.

Aliás, desde que Alexandre saiu da sua Macedónia até encontrar a rababa, a única música que Alexandre tinha ouvido foi o rufar dos tambores de guerra na preparação para dar início às batalhas onde se jogavam as vidas dos seus soldados e a sua, bem como as vidas dos seus inimigos. Daí o Ventor dizer que as músicas das rababas e as danças de Rossana serem momentos de paz na cabeça belicosa de Alexandre que fervilhava na preparação de outras batalhas contra outros beligerantes que, nas fronteiras da Índia, se preparavam para atacar as fraldas do Império Persa do qual, pelas força das lanças macedónicas, Alexandre se tornara o legítimo herdeiro.

A cavalgada era para leste

Por isso, Alexandre caminhando naquele que fora a obra prima de Nabucodonosor II, da velha Babilónia, se preparava para contornar o Golfo Pérsico e levar a guerra aos seus novos inimigos que, comandavam os seus exércitos sentados sobre os dorsos de elefantes indianos. Aliás, vindos dessas paragens, já o Dario os tinha utilizado, como "cavalaria", contra as tropas de Alexandre.

Entre as belas flores dos jardins que tinham sido de Nabuco, ao cair da noite, uma noite daquelas em que Diana mais brilhava, caminhavam lado a lado, Ventor e Alexandre. Alexandre dizia ao Ventor que teria de levar a guerra muito para além da Bactriana  e conter as ameaças de exércitos diabólicos de que nem fazia a mínima ideia da sua existência. O Ventor recomendava calma a Alexandre pois os seus homens estavam cansados de tanta batalha e a próxima caminhada iria ser muito longa e muito difícil e transformaria esse empreendimento bélico na pior façanha que alguma vez os seus homens teriam imaginado. Mas, então, Alexandre ainda estava embrenhado de poderosas energias e preparado para levar a sua fúria incontida até terras indianas onde novos inimigos se preparavam para mordiscar os calcanhares do maior império do mundo de então.

 

Nas suas batalhas, montado sobre o Bucéfalo, Alexandre sonhava ser o maior de todos os reis que, um dia, tal como Nabopolassar, Nabucodonosor II, Círus I e outros, pisaram todas as terras que envolviam Babilónia

A ida fora difícil, as batalhas não tinham sido nada fáceis mas, o regresso iria ser a pior de todas as caminhadas. Alexandre, como já sabem, regressava com o Bucéfalo ferido da sua última batalha e, as suas tropas, extenuadas, homens e cavalos só sonhavam com as montanhas gregas da Macedónia, da Tessália, ... de toda a Grécia. Eles tinham saudades de "pular" sobre as ilhas do Mar Egeu e "saltar" sobre o mar azul! Todos eles, terrivelmente debilitados, pedem a Apolo para lhes ceder uma pequena quantidade da sua energia e do seu saber para os levar de volta a casa. Alexandre ao ver caído para sempre o seu fiel companheiro de 13 anos de ferozes batalhas, só pensava seguir os trilhos de Apolo, em direcção ao Ocidente.

Sem energias que lhe dessem ânimo, ele olhava Bucéfalo estendido no chão da morte e chorava! Chorava pelo seu fiel amigo estendido, inerte, virado para oeste, recordando o mundo que tinha sido o seu.

Bucéfalo esperava, antes de morrer que, com a ajuda do Senhor da Esfera, ainda voltaria a comer as ervas tenras da sua Tessália, nos vales e nas montanhas onde tinha sido criado com toda a liberdade possível para um belíssimo potro que viria a ser grande na companhia de Alexandre e o mais famoso cavalo da História.

Quando Alexandre e os seus homens enterraram Bucéfalo, Alexandre já não tinha cavalo suplente! Sentado numa pedra, Alexandre suspirava pelo seu amigo, olhava as montanhas negras da Batriana, e via Apolo começar a descer por trás delas em direcção à sua Macedónia e, por cima das sombras das montanhas que Apolo projectava de encontro a Alexandre e o grupo, o céu ficava colorido de um vermelho abrasador.

Naquele momento, envolvido por uma grande tristeza, Alexandre olhava para Ocidente, recordava Pella, recordava o lugar onde seu pai fora morto por traidores, recordava a sua primeira grande Batalha, em Queroneia, contra gregos desavindos e comandados por generais que tinham sido formados por Epaminondas também amigo do Ventor, à frente do Batalhão Sagrado e pensava na máquina perfeita que ele e Bucéfalo tinham formado.

Não esquecia como o Ventor ficou furioso ao ter conhecimento da irracionalidade de Alexandre ao mandar destruir tudo, em Queroneia e matar toda a gente, poupando apenas um filósofo por quem tinha alguma consideração.

Ele sempre dizia ao Ventor que, com o Bucéfalo formavam um corpo só! Bucéfalo sabia tudo que Alexandre pretendia nos momentos da peleja. Como esquivar-se às armas inimigas, como se lançar impetuosamente sobre o lado frágil do inimigo e Alexandre sabia complementar o seu cavalo, destroçando todos os inimigos.

Agora, para Alexandre, tudo tinha acabado! Só, no meio de homens desesperados e imbuídos de um sonho comum, Alexandre sentia-se destroçado. Um soldado macedónio, desce da sua montada que segura pelas rédeas e dirige-se a Alexandre: «Majestade, segure as rédeas do meu cavalo, monte-se nele e cavalgue para Pella; a Macedónia espera por nós».

Alexandre olhou-o intensamente e virou-se para as montanhas a oeste. «Espera, não espera, Majestade»? Voltou a insistir o macedónio.

Alexandre segurou nas rédeas desse cavalo, virou-se para Oeste e vê Apolo sobre as montanhas como que sorrindo para lhe dar alento. O Ventor sorri também para Alexandre, olha-o nos olhos e volta a olhar as montanhas onde Apolo está a desaparecer no meio do horizonte vermelho. Mas Alexandre não tira os olhos das montanhas, continuando a olhar o Ocidente e apenas balbucia uma palavra baixinho que só o Ventor compreendeu: «Macedónia»!

Mas o soldado macedónio, até ali, dono do cavalo, volta a fixar os olhos em Alexandre poir pareceu-lhe ter ouvido também a palavra «Macedónia» e baixou a cabeça num sinal de aprovação. Alexandre olhou-o e sorriu!"

Alexandre montou o cavalo do macedónio e o Ventor saltou para cima do Antar, estendendo o braço para o soldado macedónio que o agarrou e saltou também quase automaticamente e iniciaram todos viagem rumo a Oeste até encontrarem um abrigo junto a umas rochas que os protegeram durante a noite de um vento arrasador que soprava do Indocuche.

Foi terrível caminhar pela Batriana, rumo a Oeste para voltarem a atingir a velha e linda cidade de Babilónia.

Muitos soldados ficaram pelo caminho, mortos de sede de frio e de cansaço, mas sempre no rasto de Apolo virados para as montanhas negras, envolvidas pelo robe vermelho de Apolo para além das quais ficariam para sempre, lá longe, as lindas terras da Grécia e da Macedónia.

Disse-me o Ventor que, cada cavalgada que o Antar fazia rumo à retaguarda, na tentativa de ir ajudando alguns macedónios e gregos, todos os que encontravam mortos, estavam com as suas faces viradas para Oeste.

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Caminhadas do Ventor, por Trilhos de Sonhos e de Ralidades, cujas histórias contou ao Quico e o Quico contou-as, para vós, brincando. Foi sob o Tecto do seu amigo Apolo que aprendeu a conhecer os seus amigos, ... como o deus nórdico Freyr e o seu javali Gullinbursti, entre outos