Ventor na Mesopotâmia II
Continua o encontro entre Ventor e Marduk
Após um belo sono no regaço de Diana, eis o despertar, através do Bit Galáctico de Marduk. Barulhento como sempre, gritava:
"Ventor! Ventor! Ventor"!
«Sim, Marduk»!
"Estou a chegar! Neste momento passo junto a Vénus e já vejo o olhar luminoso de Diana e, sob um chorão verde, a ponta do teu arco, encostado ao tronco. Encontramo-nos junto às ruínas de Hur".
«Junto às ruínas de Hur»?
"Sim! Afinal tudo isso é a minha terra e minha gente. Gostava de saber que é que tu pretendes, Ventor"!
O Ventor já pelos cabelos, por tanto ouvir Marduk gritar através de milénios, deixou ali Diana, junto ao Eufrates e saltou para o seu cavalo e atirou a Marduk com a mudança dos tempos.
«Os tempos são outros, Marduk! A Terra actual já não tem nada a ver com aqueles tempos em que tu te assenhoraste de Babilónia É disso que vamos falar».
Assim o carro estelar de Marduk se aproximava das ruínas de Hur, como uma estrela cadente, assim o cavalo branco alado do Ventor, de olhos cintilantes, quais diamantes reflectores dos raios de Apolo, iluminavam toda a região e, as suas ruínas antigas, como Hur, Babilónia, Ninive e outras terras que a história não deixará morrer. Estes velhos contendores, de eras passadas, recordam batalhas ganhas e batalhas perdidas.
Junto às ruínas de Hur, já protegido dos raios vigilantes de Apolo, Ventor e o seu cavalo alado, com o seu longo arco sobre as rédeas, esperavam.
A chegar, puxando as rédeas das suas quadrigas, Marduk aproxima-se , já em rodado lento, do cavalo alado do Ventor - Antar.
Sempre espavorido, Marduk atirou logo:
"Diz-me Ventor, porquê tanta pressa em falares sobre estas gentes, de quem eu me apossei há milénios? Porquê tanta predisposição da tua parte, para recuperares esta espécie de ovelhas estremalhadas do teu quintal terreno que já foi meu? Porquê, Ventor"?
Ventor observa o carro estrelar de ouro e de lápis-lazúli de Marduk. Verifica, num relance, as suas rodas de ouro com eixos de diamante e, numa voz suave diz:
«Vejo, Marduk, que nas tuas quadrigas aladas se encontram quatro cavalos pertencentes à caudelaria de Marte. Pressuponho já teres delineado uma aliança estratégica com ele».
"Bem, o teu «amigo» Marte, sempre se inclinou um pouco para o meu estilo de liderar e dominar. Penso até que estará predisposto a encetar negociações comigo, à moda antiga, para lhe dar um festival que muito gostará de observar a partir do seu quadrante solar. Sempre muito próximo dos contendores que se preparam, mais uma vez, para darem outro espectáculo, aqui na Terra, e que será observado por toda a galáctea".
«Marduk» - disse o Ventor - «continuas com o teu sentido e espírito venenosos e caprichosamente, a predispor os teus amigos terrenos para lutas sem qualquer sentido. Tu sempre interpretaste a figura do mal, trazendo com ela a morte, o sofrimento e a destruição de tudo que, com sacrifício, procuram construir aqui, por terras de Hur. Não julgues que a Esfera vai permitir que continues impugne com os teus devaneios e desventuras».
"Quem pensas tu que és, Ventor! Que mal tem que a Esfera se divirta um pouco a ver estes já protagonistas eivados de sangue, digladiarem-se por convicções despropositadas que tanto me custou inculcar-lhes naquelas cabeças ocas. Que pensas tu que são os terráquios, Ventor? Não passam de uma espécie de escumalha criada pela Esfera, onde, alguns de nós, estão ávidos de sangue como tem sido demonstrado através dos milénios, em que os homens andam pela Terra. Que queres tu fazer, Ventor"?
«Quero Marduk» - disse o Ventor - «que esqueças tudo o que de negativo houve no passado na formação e preparação das gerações terrenas. Foi decidido no Conselho da Esfera que todos os descendentes de Noé e seus filhos, teriam o privilégio de, em cada cabeça, viverem o seu próprio universo pessoal e, também, de o moldarem no sentido dos valores propostos pela Esfera que são, em súmula, o caminhar seguro no aperfeiçoamento dos seus sentimentos como princípio geral do bem comum».
"Não Ventor" . ripostou Marduk . " eu sempre contestei esses princípios. Sempre achei que o homem deve ser forjado no seu caminhar, como os metais eram forjados nas forjas dos ferreiros. Os homens devem aprender a renovar-se permanentemente não pelos princípios apontados pela Esfera, mas com a minha intervenção, sempre adequada às circunstâncias dos tempos. Portanto, sou eu que devo decidir, como e quando, essa renovação será feita".
«Marduk, eu não permitirei que os princípios da Esfera sejam adulterados por ti, por Marte ou por quem quer que seja» - disse o Ventor. Para isso, vou ter de conseguir que a tua influência sobre as gentes da nova Hur seja, de imediato, retirada. Pretendo assim, que comuniques aos teus delfins terrenos, que irás perder a tua ascendência sobre as novas terras de Hur».
"Não Ventor! Isso eu não farei. Estas terras sempre foram de minha influência e quando os seus tempos áureos chegaram, eu estava bem mais presente do que estou agota. Eu era adorado, venerado, poderoso! Agora pretendo, apenas, recuperar o prestígio perdido".
«Marduk, diz aos teus Sadams e seus lugares-tenentes que tens de retirar porque, a pedido do Ventor, a Esfera vai-te retirar todo o domínio que ainda tens e o que pretendes vir a ter, sobre as novas terras de Hur. Diz-lhe que, eu, Ventor, nunca permitirei que seja restabelecido, em terras de Babilónia, o antigo poder de Marduk, mesmo que, para isso, tenhamos de fazer uma selecção natural, à força do poder do meu arco».
Este é parecido com o Antar
"O teu arco ventor"! Ripostou Marduk todo enervado. " Que julgas tu que poder tens no teu arco? O teu arco não é nada Ventor, comparado com o poder exibido por Marduk. Eu sim, tenho poder! A Esfera receia-me e não se quer intrometer em tudo o que eu me meto. Neste momento, Ventor, eu tenho a arma mais poderosa com que os terrenos nunca tinham sonhado antes. O TERROR. O terror, Ventor! Até tu andas aterrorizado. Ah! Ah! Ah!» ...
«Não te rias Marduk» - disse o Ventor sereno. «Com algum tempo e paciência, as flechas do meu arco, poderão, com eficácia, arrasar todas as tuas forças de terror. Numa flecha incendiária, terminarei, para sempre, com os ninhos de víboras que simbolizam o teu terror, Marduk. Mas não é isso que pretendo. Não te vou dar o prazer de veres a galáctea assistir, como tu dizes, ao grande espectáculo. No entanto Marduk, se assim tiver de ser, não serás enjaulado para khorsabad como já te aconteceu. Ficarás por longo tempo, afastado das lides terrenas, aprisionado noutra galáctea onde o bem e a felicidade das suas gentes serão a tua tortura».
Assim terminou o Ventor a sua conversa com Marduk que, irado, partiu na sua quadriga celestial pensando pernoitar junto de Marte, para substituir os cavalos emprestados.
Ventor, de olhar fixo em Marduk, continuou a pensar nos malefícios que ele irá preparar nestas lindas terras babilónicas e, regressou ao local onde Diana o esperava.
Chegada junto de Diana
"Amor, companheiro, amigo!
Que se passou com Marduk?
Não quero que algum mal haja contigo,
Não deixes ele utilizar, qualquer truque"!
Por buracos negros de galácteas,
Marduk pensará seu obejectivo,
Manter-se em situações errácticas,
E preparar-se para lutar comigo.
Estarei pronto para qualquer embate,
No Éden onde este mundo nasceu,
Protegerei um novo Iraque
Terra de um mundo que já foi meu.
Sempre disputei com Marduk,
Não a terra, mas as mentes da gente.
Poderá utilizar qualquer truque,
Que eu o destruirei de repente.
Diana o mundo é duro e avesso,
A nossa vida vai ser árdua e dura.
Não permitirei que qualquer travesso,
Faça levantar mortos da sepultura.
Iraque nova terra de Babilónia,
Com forças do bem e do mal presentes,
Aqui lutarei sem alguma parcimónia,
Para preparar a liberdade às suas gentes.
Se para isso Marduk me obrigar,
Com meu arco, eu tudo enfrentarei.
Destruirei Marduk bem como Istar,
Mas como fazê-lo, ainda não sei.
Flores de amor e liberdade para as terras sagradas de Babilónia