Rolando Furioso
Seu nome era Rolando! E, seu condado era algures pela França.
A voz da sua Nação chamava-o pela boca de Carlos Magno.
Carlos Magno, numa pintura de Dürer - foto tirada da Wikipédia
Tudo isto se passou no tempo de Carlos Magno, o tal Rei Franco que foi nomeado Imperador pelo Papa Leão III e que deu origem ao Sacro Império, Romano Germânico, que pretendeu dar vida ao velho Império Romano do Ocidente - tudo pela fé cristã
Segundo o que estava consignado nas mentes de todos aqueles que pisavam os salões da Corte de Carlos Magno, e por todos que com ele pugnavam, tais como os Doze Pares de França e outros, ... os mouros, sarracenos, maomés, ... eram um povo "maldito" pelos males que causavam à Cristandade e, especialmente, pelas pilhagens que desencadeavam em solo francês e pelas ameaças das suas hostes ao solo sagrado do que hoje é a França.
Os olifantes (uma espécie de corneta especial, uma espécie de clarim de então), seriam o som da chamada e, através deles, os franceses (então, francos) unir-se-iam para a peleja contra os infiéis sarracenos.
Temos de os conter para além dos Pirenéus! Para lá das Marcas de Espanha (isto em 778 DC).
O chão francês era sagrado para todos aqueles que rodeavam Carlos Magno e não podia nunca mais, voltar a ser conspurcado pelos maltrapilhos infiéis que vinham cheios de pó das auto-estradas de areia que compunham os desertos em redor do Atlas e muito para além deles. Por isso, os sarracenos deviam ser contidos para além dos Pirenéus (para os que estavam do lado francês, claro).
Mas as coisas não eram assim tão simples!
Em todos os exércitos do mundo há traidores e o Ventor não pode, nunca pôde com traidores. A cauda do exército de Carlos Magno, comandada por Rolando também foi traída pois o exército de Carlos Magno não era imune à traição.
Em França, como em todos os lados, há cobardes, há facínoras, há invejosos, há traidores! Rolando era uma espécie de Delfim Militar de Carlos Magno. Quando o som do seu olifante se fazia ouvir, em qualquer parte da França, pela Aquitânia, pela Gasconha, ... os franceses de então sabiam que o perigo estava iminente e atravessavam montes, rios e vales para tomar parte na peleja. Só era necessário saber onde, mas Rolando saberia!
Rolando, imponente na sua estátua, algures na Europa
Rolando está bem representado pelas estátuas que os alemães lhe levantaram por várias cidades relevando o seu nome, pelos seus feitos históricos nos tempos do Imperador comum à França, parte da Alemanha, Lombardia (Carlos Magno) e pela sua personagem representada nas literaturas europeias nos tempos primórdios da nação francesa e das suas canções de gesta
A sua espada a Dorandal, cortava como quem corta presunto, os corpos dos seus inimigos e, quando Rolando e Carlos Magno chamavam, era porque a terra dos francos corria perigo. Portanto, todos deviam estar unidos em torno de Carlos Magno, de Rolando (do seu olifante), dos 12 Pares de França. Valia mais morrer a combater do que ser triturados, espezinhados, pelos satânicos que vinham do Magrebe e muito para além do Magrebe, até à Pérsia, como acontecia, como estava a acontecer, com os cristãos espanhóis.
Após violentos combates, pelas Marcas de Espanha e de conter os mouros em fronteiras bem delineadas, Carlos Magno retirou-se com o grosso das suas tropas para solo francês, deixando para trás um destacamento comandado por Rolando (20.000 homens?) para assegurar a rectaguarda da sua retirada.
Foi então que a inveja e a traição funcionaram.
Há várias versões da batalha em que morreu Rolando. Versões do local, versões dos inimigos, versões das hostes em confronto mas, todos sabemos que tinha de ser nos Pirenéus (um dos passes dos Pirenéus), contra os Vasconços, contra Vasconços e Muçulmanos, contra os Muçulmanos. Enfim! E todos sabemos que na origem da batalha terá estado a traição. Uma traição por cobiça ou inveja, por mil e uma razões mas, nem por isso, deixará de ser uma traição. Não vou falar por aqui, do nome do traidor. Pouco interessa! Se o Ventor caminhava por outros mundos e, quando chegou estava tudo feito, pouco interessa falar em nomes pois, ninguém sabe como foi e o que o Ventor soube com toda a certeza, é que todos começaram a tentar adivinhar o como e o porquê. Roncesvales? O Ventor julga que sim mas, sabe com toda a certeza que foi, na travessia dos Pirenéus, no regresso a casa, à sua Aquitânia, a França.
Imagina-se aqui Rolando a tocar o olifante
Não sei o que a cidade de Dubrovnik, ou esse país a que chamam Croácia terá a ver com Rolando. A verdade é que optei por colocar aqui esta foto Wiki, para recordar às pessoas que as literaturas dos países ou, literaturas mundiais, se preferirem, serão um bom exemplo para levar a efeito a chamada Globalização. Não creio que Rolando tenha, historicamente, feito algo pelo passado da Croácia, para merecer esta estátua mas, acredito que os croatas, tal como eu, recordarão Rolando pela literatura de sonhos que deu vida à sua personalidade. Acredito, também, que Rolando, se fosse do nosso tempo, também, tal como eu, não esqueceria, nunca, Dubrovnik
Algures, em 15 de Agosto de 778, no desfiladeiro de Roncesvales, toda a rectaguarda do exército de Carlos Magno, comandada por Rolando, foi destroçada por milhares de inimigos que apareceram de todos os lados e fizeram com que rochedos fossem lançados das escarpas sobre o desfiladeiro, fazendo-as rolar e abater-se sobre a cavalaria francesa. Oliveiros, um companheiro de Rolando, pediu-lhe para tocar o seu olifante e, Rolando, entendeu que, ao tocá-lo, denunciava a cobardia de toda a rectaguarda francesa. Por fim, Rolando, já a morrer, tocou o seu olifante. Carlos Magno, ao ouvir o seu som, regressou em socorro dos seus cavaleiros. Como já nada podia fazer, investiu contra Saragoça, tomou a cidade, e veio a saber que o traidor, era um dos seus paladinos de nome Ganelão. Ganelão era Padrasto de Rolando, cunhado do rei e ficou com ódio a Rolando por ele propor o seu nome para embaixador na corte do rei Marcílio, de Saragoça.
Apenas Pinabel, amigo e campeão de Ganelão toma a sua defesa, afirmando que Ganelão traiu Rolando mas não traiu o Rei (maneira simples de ver a coisa), porém, outro cavaleiro, Thierry, desafia-o para um combate e venceu Pinabel. Então o Rei Carlos Magno, mandou executar Ganelão, sendo então preso pelos membros a quatro cavalos que o esquartejaram vivo.
Foi assim, em linhas gerais, o desfecho da investia franca contra os mouros na área a que chamaram as Marcas de Espanha. E ainda hoje, quem passa no desfiladeiro de Roncesvales, ao pensar naqueles mortos, parceiros de Carlos Magno, ouve o relinchar dos cavalos, o tilintar das espadas e o som estridente do olifantte de Rolando a chamar os seus companheiros da vanguarda que inverteram o sentido da marcha e voltaram à peleja. E, não esquecerá, também, os golpes estridentes da espada de Rolando, a sua Dorandal, contra a rocha, ao tentar quebrá-la para que os seus inimigos a não levassem. Após o caminhante ouvir o último golpe da Dorandal, já sem força, ouvirá também o frágil encosto da cabeça de Rolando contra a rocha, no momento em que tenta observar o Ocidente, para onde um dia, seus companheiros da França do futuro, continuariam a caminhar, como D. Raimundo e D. Henrique de Borgonha, entre muitos outros. Este poste, nada mais pretende que não seja recordar Rolando, Carlos Magno, as lutas desencadeadas nos profundos vales dos Pirenéus e pelas Marcas de Espanha e, não esquecer, as caminhadas da França e da Europa, pela sua história.