O Ventor e os Leões
Mais um sonho, claro!
Nem imaginam como seria se fosse realidade!
Talvez seja fruto de tanto ouvir falar, na "miséria" que nos aguarda, num futuro próximo. Será? E também das leituras dos meus grandes amigos que fazem parte das divindades das nossas gentes de há milénios e fazem parte, também, das caminhadas do Ventor.
Começa tudo muito simples.
Fui ao Jardim Zoológico de Lisboa, a sonhar claro! Há dois três anos que ando para fazer isso e, como não tiro algum tempo para cumprir esse meu querer porque, o jardim Zoológico não tem lobos, ou não tinha, vou adiando... Ah! Mas tem leões!
Pois é. Entrei no Jardim Zoológico e estava tudo assustado! Pessoas escondidas, leões enfurecidos, ... mas eram só três. Entrei no grande espaço e deparei com aqueles três maganos de olhar fixo em mim, assim, tipo prontos para caçar. Perguntei a um indivíduo o que se passava e ele acenou-me para fugir dali que os leões estavam esfomeados e matar-me-iam se me apanhassem.
«Então não dão de comer aos leões»?
"Não temos comer para lhes dar. Não há nada para eles! Não temos carne para a gente, quanto mais para os leões"!
«Então que pensam fazer»?
"Temos aí uma camioneta fechada para os levar caçar à serra de Sintra, mas toda a gente tem medo"!
«Então se faziam isso porque não continuam»?
"Quem os levava era eu, mas eles ameaçaram comer-me, porque já está a faltar a caça e eu tive de fugir para aqui".
«Qual é a camioneta? ... Dê-me as chave»!
Peguei na chave, abri a camioneta e ordenei aos leões que entrassem. Eles entraram os três, todos contentes para a camioneta que tinha uma janela para a cabine por onde falavam comigo e até me lambiam as orelhas.
Informei-os que, chegando à serra de Sintra, só podiam matar a caça brava das savanas. Não podiam matar o gado doméstico, senão, tínhamos o caldo entornado e não haveria caldo para ninguém nem carne para eles.
Na serra de Sintra, não havia caça. Mas haviam grandes savanas, rumo a oeste, na zona onde fica o mar. Como não encontraram nada, aproximaram-se de mim e, ... "e agora Ventor"?
«Agora, vamos procurar a outro lado»!
Entramos na camioneta e fomos para as minhas Montanhas Lindas. Rumamos à serra de Soajo, onde haveria caça. Um dos meus amigos de outros tempos (olá, ti Joaquim!), disse-me que, nos nossos montes, não haveria nada para os leões, a não ser, no Curvação, onde, de vez em quando, aparecia caça grossa. Levei os leões para lá. Fiquei a apreciar a paisagem (a minha Assureira, a serra Amarela...) e eles foram à procura de caça. Numa determinada altura, vi-os a brincarem com um bezerrinho que teria meia dúzia de dias e ouvi um dos leões dizer para os outros dois: "porque prometemos ao Ventor não apanhar animais domésticos? Nós fomos uns estúpidos e agora nunca mais comemos"!
«Deixem o bezerro e vamos para a camioneta».
Lá fomos rumo a Lisboa já desesperados - os leões com a fome e eu por não ter nada para lhes dar. Disse-lhes que voltávamos ao Jardim Zoológico iriam lá ficar e eu iria encontrar carne para eles, fosse onde fosse.
Quando voltamos ao jardim, os leões saltaram da camioneta e toda a gente começou a fugir! "Ventor, os leões comeram"? Perguntou o seu tratador. «Não. Nada»! As pessoas fugiam e eu ouvi um dos leões dizer: "que grandes estúpidos. Ainda não perceberam que a carne deles nem para nós presta, mesmo esfomeados! Se o Ventor não nos ajudar, estamos tramados"!
O pior veio a seguir!

Artemisa ou Diana, se preferirem, foi companheira do Ventor, nos velhos tempos de gerações passadas. Talvez, pelos vários estudos que fiz sobre ela, e, globalmente, sobre essas "sociedades" de deuses da antiguidade, como os deuses do Olimpo e do Vallala, por exemplo, me acompanha em vários sonhos, que vou interpretando à minha maneira. Tal como o Antar (para mim um fenómeno), ela participa em vários sonhos, por vezes em acções tão simples, como a desenrolada neste, em que até os leões são simpáticos e amigos do Ventor
Já estão fartos de me ouvir falar da minha amiga Diana, mas desta vez, quem apareceu no Jardim Zoológico, em correria, foi Artemisa - a linda deusa da caça! Eu vi uma mulher a correr, com um arco na mão e uma flecha na outra e mais flechas às costas.
Ouvi: «tenho de ajudar esta gente, antes que os leões comecem a matar»!
Aquela voz era-me familiar! Dei um grito: «Artemisa, não»!
Ela disparou uma flecha e, logo à minha esquerda, um pouco atrás, Apolo lançou outra que foi partir a flecha de Artemisa antes de chegar a um dos leões. Artemisa ficou estupefacta! Voltou-se, fixou os olhos em nós e começou uma grande gargalhada ...
«Olha o Ventor! Agora és tratador de leões»??? ....
«Chamaste-me Artemisa com um som medonho. Porquê? Estavas mesmo zangado»!!!
O sonho terminou com Artemisa a agradecer a Apolo por ter destruído a flecha dela e com os leões de olhar fixo em nós ... sem carne e com toda a gente calma, tal como eu estava, já sem euforias, deitado na minha cama.
Agora, vejam só!
A Gisela disse-me que era pena os leões não terem comido.
E eu, que posso dizer? Que os leões não comeram porque o sonho acabou!